segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Maçonaria na Assembleia da República

Imagem retirada do site do Grande Oriente Lusitano.


Nos últimos dias têm sido publicadas diversos artigos dando nota da influência da Maçonaria na Assembleia da República. O motivo deste súbito interesse noticioso prende-se com a candidatura de Fernando Nobre à Presidência daquele órgão de soberania. Estando em dúvida a sua eleição, o deputado do PSD "mexeu-se" por onde pôde para tentar angariar votos, e fê-lo através da ligação que tem àquela organização (o próprio terá lembrado essa mesma ligação, em entrevista ao Correio da Manhã). 

É sabida a importância que a Maçonaria teve ao longo da nossa história democrática e parlamentar. Aliás, é constante a presença de membros dessa organização no Parlamento desde que este foi criado, na sequência da aprovação da nossa primeira Constituição, na década de 1820. Nos últimos 37 anos, os membros da Maçonaria têm tido representação permanente na Assembleia da República, bem como nas cúpulas partidárias, em particular no PS e no PSD.

Ao jornal i, o antigo Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, António Arnaut (dirigente histórico do PS e ex-ministro responsável pela criação do Serviço Nacional de Saúde), é peremptório ao afirmar "que não aceita a tese de que a instituição tem um papel nas decisões dos políticos". Declara ainda ser "uma regra absoluta da Maçonaria não se envolver na vida política". É possível acreditar nas suas declarações: a Maçonaria, enquanto instituição, pode não se imiscuir na política. É possível, embora subsistam dúvidas, dada a omnipresença dos seus membros nos órgãos de soberania e o carácter secreto que envolve toda a instituição. Mais difícil será acreditar que os laços de fraternidade e de apoio mútuo que estão entre os princípios da Maçonaria não se prolonguem para lá das normais actividades internas dessa instituição, tecendo uma rede de influências que vai para além do que a grande maioria de nós vê e que escapa a qualquer escrutínio público. E, nesses casos, temos de ser claros: tudo aquilo que interfere na vida pública tem que ser passível de ser escrutinado pelo público.

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